Georg Gerster: Cores e texturas do mundo
A bordo de aviões alugados, o suíço Georg Gerster sobrevoou e fotografou mais de uma centena de países. Olhar para as suas fotos é descobrir o mundo tal como os pássaros o conhecem através de uma sensibilidade que não poderia ser mais humana. Lá de cima, o olhar de Gerster varre a Terra à procura de cenas carregadas de emoção. Para ele, esta pode ser a chave para transformar a fotografia em uma ferramenta filosófica: “Ver do alto é para as pessoas que querem enxergar mais. A visão geral leva ao insight, e o insight gera respeito – talvez”.
Gerster vem produzindo imagens aéreas do mundo há cerca de 40 anos. Embora durante este período muitos outros fotógrafos tenham aderido à prática e novidades como o Google Earth tenham surgido, a sensibilidade única de Gerster preservou o fascínio que as suas fotografias exercem. Gerster prefere ângulos oblíquos aos perpendiculares que, tais como as imagens do Google Earth, podem facilmente se tornar monótonos.
A câmera de Gerster revela grafismos, texturas e cores de lugares inimagináveis para quem os percorre a pé: o desenho em curvas de uma estrada, o mosaico colorido de uma plantação, o quebra-cabeça formado pelas ruas de uma cidade, as sombras dramáticas do entardecer no deserto ou os padrões inesperados de formações geológicas. Por um lado, ele enfatiza a beleza da paisagem; por outro, denuncia as ameaças que a intervenção humana vem causando à natureza.
Um de seus trabalhos mais famosos é o livro Paradise Lost: Persia from Above. Nele, Gerster apresenta um conjunto de fotografias feitas entre 1976 e 1978, período em que o fotógrafo obteve a rara permissão de sobrevoar o Irã documentando sítios arqueológicos, cidades e maravilhas naturais.
Um dos grandes méritos de Gerster é a persistência para chegar aos lugares remotos que deseja fotografar. Esse processo implica enfrentar a resistência de países que frequentemente desconfiam das suas intenções para então obter autorizações específicas, providenciar o transporte aéreo, monitorar as condições climáticas, além de lidar com as condições nada favoráveis do vôo: turbulências, vento intenso, frio.
Cada boa fotografia é a recompensa por esse esforço. Além de impressionar o espectador, as imagens aéreas podem revelar dimensões geográficas, biológicas, ecológicas, econômicas e políticas de um lugar. E, se Georg Gerster estiver certo, conscientizar através da união da reflexão com a emoção.
Saiba mais sobre o trabalho do fotógrafo: https://www.georggerster.com/
12/04/2013
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