Gabriel Carpes: A fotografia do luto
O fotógrafo brasileiro Gabriel Carpes nasceu no estado do Rio Grande do Sul, na cidade de Porto Alegre, onde continua vivendo e trabalhando como fotógrafo freelancer. O artista é um dos seis fotógrafos brasileiros nomeados para o Joop Swart Masterclass, organizado pela World Press Photo em 2018.
Formado em Arquitetura e Urbanismo na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Gabriel já teve exibições no Museu de Artes do Rio Grande do Sul (MARGS) e participou de festivais “Encontros da Imagem” na cidade de Braga em Portugal, e no Festival de Foto de Belfast na cidade de Belfast na Irlanda do Norte.
Devido a sua formação, Gabriel possui uma página de seu site totalmente dedicada a arquitetura, a qual possui diversas fotos de construções e de interiores de apartamentos e casas. Seu interesse surgiu durante a faculdade, quando começou a capturar fotos como maneira de estudo e logo o interesse em fotografar passou o da arquitetura. Gabriel conta com o trabalho “Faltam Mil Anos de Histórias”, onde o mesmo mostra duas visões opostas. A primeira expõe em fotos, a dificuldade do senegalês Moussa, o qual veio para o Brasil tentar achar um emprego para ajudar a sua família e eventualmente, voltar para casa. A segunda, Gabriel mostra um grupo que se reúne todos os domingos pedindo uma intervenção militar para remover políticos corruptos, estabilizar o país e assegurar novas eleições sem nenhum candidato antigo.
Amante do Iluminismo e do Pop Art, Gabriel se inspira em muitos artistas seja pelos temas que eles abordam ou pela estética que usam. O próprio define suas fotografias como melancólicas. “Moonlight é um dos filmes mais lindos que já vi, adoro Alec Soth, Luigi Ghrri, Paul Graham. Por muito tempo eu me inspirava em street photography do tipo que o Bruce Davidson ou Joel Meyerowitz fazem” diz Gabriel.
A sua obra de mais sucesso “Somos Felizes Juntos” é uma série sobre felicidade, luto e família. No projeto, Gabriel registra sua família enquanto se reuniam em comemorações e feriados, os quais eram eventos um tanto quanto especiais, pois foram os únicos os quais passaram juntos após a morte de seu pai. Segundo Gabriel “A felicidade é presente em nossas comemorações em família. São nossas viagens em grupo, festas de formatura ou momentos antes de sairmos para jantar. Eu fotografei tudo focando nos momentos mais felizes, mas a vida após a morte de alguém próximo é estranha. Por trás de todos os momentos alegres é possível notar uma tristeza que paira no ambiente. Foi assim que vivemos com o luto. ”
“A ideia do ‘Somos Felizes Juntos’ surgiu depois de eu ter um volume grande de fotografias da minha família. Uma amiga minha chamada Laís Pontes olhou o material e falou que ali poderia existir um trabalho. Eu comecei a editar a partir disso e tentar ver qual era a narrativa que eu estava criando”
diz Gabriel.
Quando perguntado sobre o que a fotografia representa para ele, Gabriel responde: “Fotografia para mim representa uma maneira de expressar ideias e sentimentos de uma maneira que eu não conseguiria com palavras. É um meio de comunicação”. O artista ainda tem o sonho de publicar um livro.
Texto por Thomaz Simões Pires
11/02/2020
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