Michal Chelbin: Veleiros e Gansos
“Eu prefiro uma imagem que apresenta mais questões do que respostas”. Assim Michal Chelbin resume suas próprias obras. Nascida em Israel, no ano de 1974, a fotógrafa vive desde 2006 em Nova Iorque.
Seu interesse pela fotografia começou aos 15 anos de idade quando entrou no departamento de fotografia de sua escola em seu país de origem. Formada na Wizo Academia de Educação e Design, na cidade de Haifa, Israel, Michal sempre quis “criar sua própria imagem” e conseguiu com imagens que prendem a atenção e que causam questionamentos ao seu público. Seus trabalhos já foram exibidos nos Estados Unidos, na Galeria de Fotógrafos de Londres e no Museu de Arte de TelAviv. Sua primeira monografia chama-se “Estranhamente familiar” e foi publicada na Primavera de 2008.
“Minhas imagens assumem a forma de retratos e se concentram em contrastes visuais. Acho que as pessoas são os assuntos perfeitos para eu investigar, pois possuem qualidades contrastantes que aparentemente não podem coexistir nelas como seres humanos. Eu gosto quando uma fotografia deixa um gosto de mistério ou tem alguns enigmas, para que nem tudo seja resolvido na imagem. Em outras palavras, prefiro uma imagem que apresente mais perguntas que respostas. Para mim, a imagem é como um portão para milhares de histórias possíveis, algumas atraentes e algumas perturbadoras.”
Sua obra mais recente de sucesso chama-se “Veleiros e Gansos”. Michal passou cerca de seis anos percorrendo o Leste Europeu e explica o porquê: “Acho que parte do motivo pelo qual sou atraído por pessoas da antiga União Soviética é porque elas são cheias de contradições, difíceis por fora, mas quentes por dentro. Eles são muito determinados e disciplinados, especialmente as crianças, o que torna o trabalho do fotógrafo um pouco mais fácil. ”, conta a fotógrafa.
“Veleiros e Gansos” foi capturada em sete prisões espalhadas pela Ucrânia e na Rússia, e explora a sensação de se sentir preso e vigiado constantemente. O seu título se refere aos murais e aos fundos bucólicos e fantásticos que a fotógrafa encontrou durante seu deslocamento nas prisões em que visitou. Essas contradições da vida na prisão podem ser vistas em fotografias de mulheres vestindo uniformes floridos da prisão, assassinos trabalhando como cuidadores de crianças das mulheres recém chegadas às prisões femininas e em jovens garotas servindo ao lado de mulheres idosas.
“No meu trabalho, tento criar um senso de mistério e narrativas multidimensionais. Nada é obviamente resolvido, e as perguntas aparecem para o espectador: quem é essa pessoa? Por que ele está vestido assim? O que significa estar trancado? É um ato humano? É justo? O que vemos quando olhamos para uma pessoa trancada? Nós o punimos com nossos olhos? Um assassino ainda parece um assassino? É humano ser fraco e assassino ao mesmo tempo? ”, completa a artista.
Texto por Thomaz Simões Pires
Confira o site da fotógrafa e saiba mais sobre seu trabalho.
08/09/2020
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