Rubén Plasencia: Obscure
Rúben Plasencia é um fotógrafo espanhol que retrata em suas fotografias temas relacionados a preconceitos, culturas desconhecidas e emoções. Seu talento é reconhecido mundialmente, tendo concorrido a prêmios como o Festival Le Voyage à Nantes, em Nantes e o Festival Circulation, em Paris, ambos em 2014. Apesar de hoje ser um artista de sucesso, reconhece que sempre há uma fase conturbada na carreira de todos os artistas, fase que ele retratou em sua série “The Unknown Artist”, produzida no ano de 2015.
Nesta obra, Plasencia retrata, como o próprio nome diz, os artistas desconhecidos. Pode ser ser observado que Plasencia oculta os rostos dos artistas e justifica essa escolha na descrição do seu projeto em seu próprio site.
“Eles começam sem rosto, sem referências, apenas com suas próprias ferramentas para enfrentar um mundo tão complexo da arte. Com apenas a melhor carta que poderiam ter: sua obra de arte.”
Rúben Plasencia começou a obter reconhecimento por suas obras algum tempo depois do início de sua carreira, sempre retratando aspectos que não são muito debatidos pela sociedade. Por exemplo, em “Lucha Canaria”, Plasencia retrata os lutadores da Canarian Wrestling, uma luta tradicional do Oriente que é bastante desconhecida no Ocidente. Com isso, foca em uma cultura diferente daquela a qual estamos habituados.
Seu debate visual sobre culturas diferentes e preconceito atinge o ápice na obra Obscure, produzida em 2013. Nesta obra, pessoas cegas são fotografadas com intuito de debater sobre a “verdadeira essência do ser”. A série fotográfica de Plasencia entra no assunto de preconceito, padrões de beleza e doenças genéticas, abrangendo assim uma série de assuntos polêmicos que não costumam ser debatidos pelas sociedades.
O site Lens Culture, traz um artigo escrito por Plasencia, no qual o fotógrafo explica suas fotografias, contando o que pensou ao realizá-las e o que quer transmitir com elas:
“Preconceitos e estereótipos racistas continuam a dominar nossas sociedades – julgamentos que são feitos em um nível que é apenas superficial. Em “Obscure”, criei retratos dos cegos. Esses rostos criam uma zombaria de nossa dependência irrefletida da visão. Um cego procura formas mais confiáveis de ler nas entrelinhas e entender as essências, não sendo mais capaz de recorrer à visão como o único meio confiável.”
Para o fotógrafo a importância do projeto está em nos colocar de frente aos olhos daqueles que não podem ver e que através disto possamos valorizar o que significa ter a visão.
Ainda longe de encerrar a carreira, Rúben Plasencia crava sua importância no mundo fotográfico e social, ao retratar em suas obras temas tão profundos e pouco debatidos.
22/09/2020
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