Pictures From Home é um livro de memórias visuais intrigante que também é uma exploração simbólica das famílias americanas. Sultan iniciou o projeto quando Ronald Reagan era presidente e a instituição da família estava sendo usada como símbolo de inspiração por conservadores ressurgentes, apesar desse não ser a sua principal motivação. “Eu queria perfurar essa mitologia da família e mostrar o que acontece quando somos movidos por imagens de sucesso. E eu estava disposto a usar minha família para provar esse ponto” relata o autor.

Publicado em 1992, Pictures From Home fez grande sucesso esgotou-se rapidamente, ficando disponível a partir de então apenas por preços muito elevados. Durante todo o processo, Sultan usou fotos de famílias retiradas de filmes caseiros que retratavam seus pais. Os retratos do autor, de amplas casas e jardins, são coreografados artisticamente como se nos lembrassem que estamos olhando uma narrativa construída.  A obra é uma fusão de imagens e textos cujas reflexões, durante muito tempo, foram dolorosas para Sultan, a exemplo de sua educação, da relação com seus pais e com a fotografia. O próprio desenvolvimento do projeto está minado pelos comentários machistas e práticos de seu pai. A tensão entre os dois é clássica: aquele que busca a afirmação do seu trabalho e o outro perplexo com ele.

É também um livro de evidências, embora de um tipo diferente, cujo subtexto aponta as tensões particulares da fotografia, como o complicado equilíbrio entre distância crítica e envolvimento emocional. Sultan descreve ter entrado diversas vezes no quarto de sua mãe enquanto ela dormia para fotografá-la. “Fiquei tão apreensivo em acordá-la que respirei em ritmo com ela” diz o autor. Entretanto, tem a percepção de que ela realmente não estava dormindo. “Nós éramos conspiradores. Assim como eu fotografava secretamente, ela estava secretamente acordada. Ela me sentiu olhando.” ressalta.

Por fim, Sultan reconheceu que Pictures From Home é um projeto impossível. “Percebo que, além dos rolos de filme e das poucas boas fotos”, ele escreve, “as demandas do meu projeto e a minha confusão sobre seu significado são o desejo de fotografar literalmente. Quero que meus pais vivam para sempre” acrescenta o autor.