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Félix Nadar: A excentricidade inventiva

Autorretrato de Felix Nadar

Para muitos, as fotografias de Félix Nadar, pseudônimo de Gaspard-Félix Trounachon (1820 – 1910), são um reflexo de sua excêntrica personalidade. Também jornalista e caricaturista, tornou-se famoso não apenas por seus retratos e desenhos de importantes personalidades francesas, mas também por sua paixão por tecnologia e aventura.
Antes de tornar-se fotógrafo, o parisiense estudou Medicina, mas devido à falência da editora de seu pai teve de abandonar os estudos para começar a trabalhar. Adotou o sobrenome Nadar para escrever em jornais e passou a vender suas caricaturas para folhetins humorísticos. Mesmo que no início da década de 1850 já fosse um fotógrafo renomado, foram suas extravagâncias que o tornaram famoso. O edifício que abrigava seu estúdio, por exemplo, foi pintado de vermelho e ganhou uma imponente fachada para se tornar uma de referência, transformando-se rapidamente em um ponto de encontro da elite intelectual de Paris.

Charles Baudelaire
Foto: Félix Nadar

Eugene Delacroix
Foto: Félix Nadar

Félix dedicava-se à construção de projetos batizados de PantheonNadar: paineis gigantes repletos de caricaturas de parisienses famosos. Para preparar a segunda edição de um desses murais, começou a fotografar os personagens que desenharia, o que originou muitos de seus mais conhecidos retratos. Por conta dessa proposta suas imagens de Gustave Doré, Charles Baudelaire e Eugène Delacroix, todas realizadas por volta de 1855, mostram os artistas em poses naturais, mais despojadas do que os sisudos retratos em voga na época.

Claude Monet
Foto: Felix Nadar

Edouard Manet
Foto: Félix Nadar

Durante anos, balonismo, mapas e fotografia foram sua principal ocupação, paixões que fizeram com que ele patenteasse a fotografia aérea na cartografia e publicasse, em 1863, o Manifeste de l’autolocomotion aérienne (“Manifesto da autolocomoção aérea”, em livre tradução). Também fundou uma sociedade dedicada ao tema em parceria com Julio Verne — ele era o presidente e Verne o secretário. Quando, no outono de 1858, Nadar conseguiu concretizar seu tão sonhado registro, uma pioneira fotografia aérea de Paris, empolgou-se tanto que decidiu criar seu próprio balão. Com capacidade para dezenas de viajantes, Le Géant (em português, “o gigante”), como era chamado, era um balão gigantesco que se tornou lendário na Europa. Sua gôndola tinha uma sacada e foi divida em seis compartimentos separados, incluindo um lavabo e um quarto que servia como laboratório fotográfico. Em sua segunda viagem, Le Géant voou de Paris para a Alemanha, onde perdeu o rumo, caiu e quase explodiu, ferindo gravemente muitos dos passageiros. Apesar do desastre, Nadar reconstruiu a gôndola, substituiu o envelope e continuou com seus vôos, além de ter construído outros balões, como The Célest.

Gondala of Nadar’s balloon, 1863.
Foto: Félix Nadar

Paris
Foto: Félix Nadar.

Mas seus experimentos não se restringem a este campo. Em 1858, foi pioneiro, também, no uso de iluminação artificial na fotografia, valendo-se de luz de magnésio para registrar as escuras catacumbas e esgotos de Paris. Também é atribuída a ele a primeira entrevista fotográfica da história, uma série de 21 imagens do cientista francês Eugène Chevreul legendadas com respostas a perguntas feitas por Nadar durante os cliques.

Catacumbas de Paris
Foto: Felix Nadar

Esgotos de Paris
Foto: Felix Nadar

Vale destacar que em 1874 Nadar emprestou seu estúdio para a primeira exposição de pintores impressionistas, com quadros de nomes vanguardistas até então pouco valorizados como Monet, Cézanne e Renoir. É possível afirmar que o trabalho desses artistas teve certa influência em sua obra, considerada por muitos fotografia pré-pictorialista.

Victor Hugo, 1878.
Foto: Félix Nadar

Victor Hugo, 1885.
Foto: Felix Nadar.

17/11/2017

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